segunda-feira, 25 de março de 2013

As Estrelas Diziam Parte 4: O Espectro


O último raio de sol tingia o rosto pálido de Rassak. Ele e Oryulth estavam vagando rumo à cidade de Slonius.
            - Estamos perdidos! – exclamou o necromante, com a paciência esgotada.
            - Não estamos! O sol está se pondo para aquele lado, o oeste, estamos indo para o norte, portanto é aquela direção.
            - O problema é que esta é a estrada errada! Vamos ter que pedir informações.
            - Certo, mas isso só vai provar que estamos no caminho certo!
            Os dois se dirigiram a um homem que andava numa carroça logo atrás deles.
            - Senhor... – disse Oryulth para o homem barbudo que estava na carroça – Por acaso sabes para onde leva esta estrada?
            - Para Gondos, o vilarejo das montanhas, construído próximo ao território anão.
            - E para qual direção fica Slonius? – perguntou Rassak, intrometendo-se.
            - Para isso terão que ir para o outro lado e pegar a estrada à direita do velho pinheiro.
            - Ah... – disse Oryulth decepcionado.
            - Agora é melhor eu partir. Preciso vender essas mercadorias logo! Adeus!
            Pasaram-se alguns segundos, até que Rassak quebrou o silêncio:
            - Te disse que era o caminho errado!
            - Certo, certo... Você ganhou... Vamos logo para a estrada correta!
            - Logo estará escuro e as relíquias que trazes atrairão bandidos. Vamos acampar e comer algo. Ao dormir, revezaremos a vigia.
            Assim fizeram. Nas primeiras quatro horas, Rassak ficou de guarda. Durante seu turno, tudo correu bem.
            Era uma da madrugada quando chegou a vez de Oryulth vigiar. A lua iluminava as árvores de forma tênue, dando um aspecto fantasmagórico ao local. Subitamente, um ruído foi ouvido.
            - Olá? Tem alguém aí? – disse Oryulth, após um susto.
            Tão subitamente quanto o ruído, surgiu uma enorme figura negra, a qual parecia estar sob um manto. Uma mão esquelética surgiu do manto negro, puxando uma longa espada.
            Num reflexo, Oryulth puxou sua fiel espada também, e a tempo de se preparar para um combate.
            Os dois começaram um duelo. As espadas tocavam-se causando altos estrondos. Rassak levantou-se num salto, observando a batalha.
            - O que está acontecendo?! – gritou o mago.
            - Silencie suas palavras! – gritou a figura, empurrando Oryulth e levantando a palma da mão para Rassak, que fitava-o assustado.
            - Esse medalhão... – a voz da criatura era baixa e áspera – Esse medalhão...
            - Medalhão? – perguntou Rassak, assustado.
            A mão da criatura segurou o medalhão que pendia no pescoço do mago.
            - Esse medalhão é MEU! – a voz da criatura aumentou o tom – Meu medalhão! Meu!
            A figura arrancou o medalhão do pescoço de Rassak. Ao realizar esse ato, o capuz do manto cedeu, revelando seu rosto esquelético, cujos olhos emanavam uma luz roxa.
            - Meu! Meu! MEU!
            Num piscar de olhos, a criatura sumiu, levando consigo o medalhão.
            Rassak estava paralisado desde que vira o rosto da figura. Parecia estar num transe, perdido em memórias distantes.
            - Ele levou meu medalhão... Não é possível... – disse ele, ainda com a expressão de assustado.
            - Pensei que o medalhão fosse seu. Não disse que ele estava em sua família há anos?
            - E está.
            - Mas como ele pode pertencer a ele.
            - Porque... Porque... – Rassak apertou os olhos, deixando escorrer uma lágrima – Porque ele é... Meu pai!
            - O quê?!

Nenhum comentário:

Postar um comentário