sexta-feira, 9 de novembro de 2012

As Estrelas Diziam Parte 3: A Briga Pelo Medalhão


         Oryulth foi descoberto. Não hesitou e partiu para cima dos guerreiros, os quais logo responderam ao ataque. As lâminas das espadas de ambos os lados se tocavam violentamente.
         O jovem guerreiro conseguiu derrubar dois adversários, mas ainda havia outros três, numa clara desvantagem. Logo, os golpes das lanças envenenadas dos guerreiros de armadura negra fizeram Oryulth tombar.
          Os assassinos amarraram o guerreiro e fincaram uma adaga em seu braço, apenas para vê-lo sangrar.
          - Uuugh! – gemia Oryulth.
          Os três guerreiros foram logo vasculhar o laboratório de alquimia de Ogmar, em busca de algo valioso. Foram atirando para trás as fórmulas que consideravam inúteis, até que uma, ao tocar o chão, produziu um som alto e começou a soltar línguas de fogo, que logo consumiram o esconderijo.
          Com esforço, Oryulth conseguiu soltar-se das cordas e aproveitou o desespero dos assassinos para pegar o corpo de seu mestre e fugir.
          O jovem abandonou a casa a pegar fogo, correndo em direção aos campos de trigo. Vagou o dia inteiro até que, à noite, resolveu parar abaixo de um carvalho.
          Cansado, o jovem pega seu cantil e bebe um pouco d’água. Ele percebe um saco ao lado do cantil, com um bilhete preso.
          - Estranho... - comenta o jovem, pegando o saco e lendo o bilhete.
          - “Para meu jovem aprendiz e salvador de todas terras orientais de Terra Dourada, Oryulth: Aqui deixo recursos suficientes para que sobreviva no tempo em que permanecer com a missão em andamento. Eles envolvem dinheiro, alimento e um mapa da região. Também coloquei aqui alguns itens mágicos muito úteis: o Olho de Safira, capaz de ver qualquer criatura, seja visível ou não; um frasco de Água da Vida, cura os mais graves ferimentos; uma Adaga do Sono, que possui a capacidade de adormecer quem for atingido por ela, e uma Esfera Luminar, pequeno objeto luminoso que protege o usuário de dominação mental. Desejo sorte em vossa missão e que vossos caminhos sejam iluminados. Ogmar.” – leu em voz alta o aprendiz.
          Oryulth olhou para dentro do saco e se impressionou com a quantidade de dinheiro e de frutas, assim como com a beleza dos itens.
          - É, Ogmar... Você é cheio de surpesas... – falou o guerreiro, acomodando-se em seu saco de dormir.
          Amanheceu e o jovem levantou e preparou suas coisas para a viagem.
          Enquanto isso, num vilarejo próximo, uma figura sombria vagava pelas escuras ruas noturnas. Usando botas negras de couro e um manto da mesma cor, com um capuz cobrindo quase toda a cabeça, a figura dava arrepios à quem a via.
          A figura entrou numa taberna com o nome ‘Cabra Leiteira’, onde tirou o capuz, revelando seus longos e louros cabelos, seus olhos azuis e frios e sua barba cor do trigo.
          Ele sentou em uma mesa, onde ficou observando o movimento.
          - Deseja algo, senhor? – perguntou o garçom que veio ao seu encontro.
          - Uma sopa de batatas e um sumo de laranja. – falou o homem, entregando uma moeda de ouro ao garçom, que logo foi buscar seu pedido.
          Quando o garçom voltou com a sopa e o sumo, a figura pálida logo perguntou:
          - Que é aquele? – disse, apontando para um halfling que brindava alegre, usava uma camisa e um colete, com um medalhão em seu pescoço.
          - É Sebastian, um comerciante halfling que vem frequentemente aqui.
          - Obrigado pela informação.
          O homem terminou calmamente sua refeição, até que foi até o halfling e o pegou pelo colete.
          - Dê-me o artefato, baixinho! – gritou a misteriosa figura.
          - Que artefato?
          Sebastian foi atirado ao chão. Todos se assustaram.
          - O medalhão! O medalhão!
          O halfling saiu correndo para fora da ‘Cabra Leiteira’, assustadíssimo.
          Com um gesto, o homem loiro fez surgir raízes que agarraram o pé do pequenino.
          Logo nesse momento, Oryulth estava passando e viu aquela cena. Num reflexo parou em frente ao Halfling, fitando o homem que se aproximava.
          - Mais um passo diante dele e minha lâmina encontrará seu corpo.
          Apenas com um movimento da mão, o agressor fez Oryulth ser atirado no chão, como se uma mão invisível o segurasse.
          Quando o conjurador ia botar suas mão, as quais agora emanavam um brilho roxo, no halfling, Oryulth fez um corte em seu pé com a espada. Ele urrou de dor.
          - Bastardo! Filho da mãe!
          - Não passa de um covarde. O que leva você a atacar uma criatura indefesa bem menor que você?  – perguntou o guerreiro.
          - Ele possui algo que quero há muitos anos.
          - Mas não o terá! – gritou o halfling – Fui eu que achei esse medalhão e eu que ficarei com ele.
          - Ele está na minha família há anos.
          - Descuido seu permitir que fosse roubado e vendido a mim.
          - Eles me adormeceram, seu baixinho! Eu estava inconsciente.
          - Silêncio! – gritou Oryulth, interrompendo a discussão – Por quanto você me vende este medalhão.
          - Por dez mil peças de ouro.
          - Aqui estão. – Disse Oryulth, entregando a quantidade pedida à pequena criatura, que se contorcia, ainda presa na raiz.
          O homem recebeu o medalhão, agradeceu e, com um gesto, a raiz sumiu. O halfling saiu correndo, contente com o dinheiro.
          - Perdão por ter vos ofendido. – disse o homem.
          - Não se preocupe.
          - Meu nome é Rassak, sou um necromante, mago que manipula a vida. Fico grato por ter me ajudado a recuperar o medalhão que é herança da minha família há séculos. Armaram para mim, colocando um sonífero na minha cerveja em uma festa. Aproveitando que adormeci, os ladrões roubaram o medalhão e o venderam ao halfling. No dia seguinte, expliquei o que houve a ele, mas ele não acreditou. Falei que iria tirá-lo à força no dia seguinte, mas ele fugiu. Agora finalmente o encontrei e recuperei o que me pertencia, mas não da forma que imaginava.
          - Interessante.
          - Impressionante a quantidade de moedas que deu ao halfling. E ainda por alguém que nem conhecia. De onde conseguiu esse dinheiro.
          - Foi um presente de Ogmar.
          - O quê? O grande Ogmar? Mestre dos magos das Terras Orientais?
          - Sim, ele deixou isso ante de falecer.
          - Falecer?
          - É uma longa história. Sente-se.
          E assim, Oryulth contou tudo a Rassak, desde sua captura até a fuga da casa em chamas.
          - Incrível. Então você é salvador de que nossa profecia fala?
          - De acordo com Ogmar.
          - Ogmar não se engana. Será que eu poderia me juntar a você nessa missão?
          -Seria ótimo contar com sua habilidade arcana.
          - E é uma honra andar ao lado do salvador de nosso reino.
          - Para onde vamos primeiro?
          - Por enquanto, estamos no território da resistência, o qual não se estende além das montanhas ao norte. – disse o mago.
         - Vamos até onde houver trabalho a fazer.
          - Depois das montanhas, está o Vale do Dragão Negro, território de Molthar. Há uma fortaleza do regente da região.
          - Será nosso destino.
          - Primeiro passaremos pela cidade de Slonius, lá poderemos comprar provisões e, dependendo de seu dinheiro, até uma carroça com cavalos para facilitar nossa locomoção.
          - Ótimo, vamos Rassak!